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A mostrar mensagens de setembro, 2017

unfinished business

Um candeeiro a petróleo, uma luz difusa no reflexo da água, noite escura. A imagem cada vez mais distante, um corpo inerte que se afunda. Acordou em sobressalto num quarto estranho, que depois reconheceu ser o do hotel onde se tinha instalado. Abriu a janela e acendeu um cigarro, observando a cidade a mover-se, sonolenta. Sentia o peso das horas de trabalho, o azedume de quem o recebia, a hipocrisia nos gestos e no trato. Não se deixou abater. Tomou um duche longo, lavando-se da noite inquieta. Barbeou-se com método e vestiu-se com a sobriedade de sempre. Desceu à sala de refeições, onde lhe serviram um bom pequeno-almoço. Observou os hóspedes de outras mesas, todos com o ar leve de quem está de férias, na maioria estrangeiros, com certeza. -  Bom dia, Álvaro! O cumprimento apanhou-o quase desprevenido, mas a familiaridade na voz lembrou-o dos três colegas de trabalho que o acompanhavam. -  Bom dia, Jorge. -  Estavas noutro mundo, homem. Dormiste descansado? A pergunta